Bases do comportamento humano nas organizações

Última atualização em 24/07/2023

Este é o primeiro post de uma série de três com objetivo abordar, de forma didática, o assunto do comportamento humano nas organizações, com enfoque no desenvolvimento das empresas, onde procuro levantar questões sobre a influência das práticas de Gerenciamento do Portfólio/Programas/Projetos do PMI®, como ferramentas de apoio a mudança e precursor do desenvolvimento organizacional.

No formato de ensaios científicos, as ideias e temas serão expostos de maneira informal buscando ao  mesmo tempo defender pontos de vista e transmitir ideias de forma ética, porém sem grandes pretensões filosóficas e comprobatórias.

Considerando que projetos são realizados por pessoas, percebo que muitos dos problemas comumente enfrentados pelos administradores, gestores e líderes nas organizações e projetos, estão relacionados a aspectos da gestão dos recursos humanos, em questões do tipo:

  • Como mobilizar a equipe de forma a alcançar os objetivos da organização ou do projeto?
  • Como alinhar objetivos da organização e interesses pessoais da minha equipe?
  • Como mantê-los motivados, ou melhor, é possível motivar alguém?
  • Qual a influência da cultura no desenvolvimento das pessoas e da organização?

Neste primeiro ensaio, vamos aprofundar sobre o contexto do comportamento humano nas organizações. Abordando inicialmente os principais conceitos que delimitam este tema, quais os fatores que influenciam o comportamento em nosso tempo e de que forma os gestores podem influenciar neste processo.

Os valores do comportamento humano nas organizações

Uma das bases do comportamento individual é o conceito de valores. Valores representam convicções essenciais que determinam um modo específico de conduta do indivíduo, baseado no que se acredita ser correto e importante.
O conjunto de valores do indivíduo, de forma hierarquizada, configura o seu sistema de valores e é identificado pela importância que atribuímos a valores como liberdade, honestidade, verdade, justiça, ética, disciplina, integridade, respeito e obediência.

Segundo Rokeach (1973), os valores podem ser classificados em dois conjuntos: os valores terminais e os valores instrumentais. Esses contêm os valores finais desejáveis e referem-se às metas que uma pessoa gostaria de atingir em sua existência.

Já os instrumentais, contêm os valores preferenciais de comportamento ou os meios para se atingir os valores terminais. De acordo com a pesquisa de Rokeach, os grupos de valores podem ser subdivididos conforme o critério no foco para o qual está centrado, ou seja, centrado na pessoa ou indivíduo (“self-centered”) ou no grupo (“social-centered”), conforme demonstrado no esquema a seguir:

Os 10 tipos motivacionais

Outra teoria, de Schwartz (2005), diferencia os valores de acordo com o tipo de meta motivacional que eles expressam. Partindo do pressuposto que os valores são universais porque derivam de requisitos básicos à existência humana, de acordo com Schwartz,

“Todos os indivíduos e sociedades têm de responder aos seguintes requisitos: necessidades como organismos biológicos, requisitos de ação social coordenada e da necessidade de sobrevivência e bem-estar dos grupos” e, desta forma, seriam categorizados em dez tipos de acordo com os valores motivacionais, sendo:

Poder

Prestígio e status social, controle ou dominação sobre pessoas e recursos (Poder social, autoridade, saúde, preservador de minha imagem pública).

Realização

Sucesso pessoal por meio da demonstração de competência dentro de padrões sociais (Bem sucedido, capaz, ambicioso, influente).

Hedonismo

Prazer e gratificação para si mesmo (Que goza a vida, prazer, auto-indulgência).

Estimulação

Excitação, novidade e mudança na vida (Uma vida variada, uma vida excitante, audacioso).

Autodeterminação

Independência de pensamento e ação, criatividade, curiosidade (Criatividade, curioso, liberdade, que escolhe as próprias metas, independente).

Universalismo

Compreensão apreço, tolerância e proteção do bem-estar de todos e da natureza (Protetor do ambiente, unidade com a natureza, um mundo de beleza, uma mente aberta, justiça social, igualdade, sabedoria, um mundo em paz).

Benevolência

Preservação e fortalecimento do bem-estar das pessoas com as quais há um contato pessoal freqüente (Prestativo, honesto, compaixão, leal, responsável).

Tradição

Respeito, compromisso e aceitação dos costumes e idéias de uma cultura tradicional ou religião (Devoto, ciente dos meus limites, humilde, respeito pela tradição, moderado).

Conformidade

Restrição de ações e impulsos que podem magoar outros ou violar expectativas sociais e normas (Respeito para com pais e idosos, obediente, polidez, autodisciplina).

Segurança

Segurança, harmonia e estabilidade da sociedade, dos relacionamentos e de si mesmo (Limpo, segurança nacional, ordem social, segurança familiar, reciprocidade de favores).

Fonte: SCHWARTZ, 2005.

Tanto a teoria de Rokech como a de Schartz consideram que um conjunto de valores que expressam padrões de comportamento do indivíduo no contexto do convívio social, com necessidades e motivações pessoais e como ser humano que busca aceitação dentro de um grupo, porem apesar do conceito universal pregado por este autor, propõe-se ainda que os valores podem ser segmentado de acordo com a época ingressa como força de trabalho, ou seja, no momento que começa a fazer parte de um grupo organizacional, o qual é o foco deste ensaio.

BSC de processos

Influências externas do comportamento humano nas organizações

Com relação a este tipo de análise, considera-se que fatores externos, como Guerras e Revoluções Econômicas (a Grande Depressão, A Revolução industrial, a globalização e em nosso tempo o fenômeno da Internet), influenciam de forma significativa no conjunto de valores de gerações, de modo que determinados indivíduos enfatizam algumas características e padrões de comportamento diferentes dependendo do período que ingressam como força de trabalho. A tabela a seguir demonstra as diferenças entre gerações e seus valores profissionais dominantes:

Grupo Ingresso na força de trabalho Idade atual aproximada Valores profissionais dominantes
Veteranos

(ou Tradicionais)

Década de 50 ou início de 60 Acima de 65 anos Trabalho árduo, conservadorismo, submissão; lealdade a empresa.
Baby-boomers 1965-1985 Entre 40 e 65 Sucesso, realização, ambição, rejeição a autoridade; lealdade a carreira.
Geração “X” 1985-2000 Mais de 25 até 40 Equilíbrio na relação trabalho-vida, trabalho em equipe, rejeição as regras; lealdade aos relacionamentos.
Nexters (ou Geração “Y”) A partir de 2000 Menos de 30 Autoconfiança, sucesso financeiro, trabalho em equipe; lealdade a si mesmo e aos relacionamentos.

Fonte: Adaptado de Robins, Fundamentos do Comportamento Organizacional, 2009.

Beneficiando a equipe e a organização

Partindo destas premissas e teorias abordadas, pode-se deduzir que o administrador, gestor ou líder, tendo consciência dos padrões e os fatores de influência do comportamento individual, poderia:

  • Avaliar melhor os candidatos a uma vaga, por exemplo, e já durante o processo de seleção analisar se seus valores são convergentes aos que predominam na organização ou para o projeto;
  • Prever atitudes dos membros de sua equipe, procurando pontos de possíveis conflitos em função da diferença entre valores predominantes, seja com outros membros da equipe ou da própria organização;
  • Planejar melhor suas estratégias de mobilização da equipe, de forma a trabalhar no alinhamento entre os valores motivacionais predominantes na equipe e os objetivos da organização;
  • Buscar uma maior uniformidade no conjunto de valores de um grupo para tornar mais rápida a inserção de um novo membro na equipe.

Não obstante ao conhecimento sobre os valores da organização como um todo, com os temas abordados neste ensaio, assim como as estratégias sugeridas, espero ter despertado em gestores responsáveis por equipes de projetos, uma reflexão sobre a importância do entendimento do comportamento humano nas organizações, quais os fatores que influenciam estes padrões de comportamento e de que forma os gestores podem influenciar neste processo, com enfoque no indivíduo que está inserido na organização ou como membro de uma equipe de projeto.
Leia os demais ensaios:

 

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Certificação PMP – Mito #2: o exame para é decoreba pura

Última atualização em 13/04/2020

Ser ou não uma prova “decoreba” é muito mais uma interpretação pessoal de cada um dos que já fizeram a prova. Os que ainda não a fizeram interpretam isso pelo depoimento dos demais ou pelos inúmeros simulados existentes no mercado. Pessoalmente, discordo fortemente desta qualificação da certificação PMP e explico porque penso assim em dois motivos principais:

1) Avaliação de Conceitos

Um princípio básico da prova é avaliar se o candidato conhece o que chamam de “Boas Práticas Mundiais” de gerenciamento de projetos. Mas, como avaliar se o candidato conhece o conceito?

É necessário que demonstre não somente o entendimento mas também que sabe diferenciar bem dos demais conceitos, sua aplicabilidade, resultados esperados, relevância, etc.

Em uma pergunta sobre o método de Monte Carlo, o candidato precisa entender o que é, quando usar, porque usar. Parece lógico, não? Então talvez o que alguns chamam de “decoreba” na verdade são perguntas checando se o candidato entende o conceito.

2) Entendendo é mais fácil

A chance de acertos na prova é muito maior se você entender os conceitos e sua aplicabilidade, mesmo que não pratique todo este conjunto de conceitos. Será que alguém pratica tudo? Acho que não. Por outro lado, considero que as chances de passar na prova são muito baixas para aqueles que somente decoram conceitos puros, sem entender a aplicação, possíveis alternativas ao método, etc.

Voltando à nossa questão sobre a técnica de Monte Carlo, ela provavelmente não poderia ser uma técnica de controle de qualidade (uma das respostas da suposta questão), mas poderia ser uma ferramenta que auxiliasse na obtenção do custo geral do projeto.

Permitiria associar um orçamento de projeto à uma probabilidade: 85% de probabilidade que o projeto seja executado dentro do orçamento. PMP deve saber disto! Você pode não lembrar daquela declaração bonitinha do conceito do Monte Carlo, mas entendendo a técnica terá facilidade nesta interpretação.

Mesmo no caso dos EFTSs (ITTO), as entradas, ferramentas, técnicas e saídas dos processos do Guia PMBOK®, entender por que aquele item está lá faz parte da compreensão das boas práticas, ajudará a entender quando e como usar cada técnica, que produtos geramos em cada ponto do gerenciamento de projetos e assim por diante.

Não concordo com as técnicas de estudo que conduzem a decorar estes processos. Porém acho muito útil aquelas que reforçam a leitura, entendimento e posicionamento de cada uma delas. Como exemplo, onde é gerado o Fluxo de Caixa do Projeto? Nas estimativas de custo ou na orçamentação? (vou deixar você procurar esta resposta no Guia PMBOK).

Com isso, os mais experientes terão maior facilidade para entender os conceitos e se preparar para a prova. Ainda assim, é claro que mesmo os mais experientes precisam estudar muito, aprender conceitos não envolvidos no seu dia-a-dia de trabalho.

Efeitos nocivos da decoreba

Defendo também que a decoreba de conceitos pode ter dois efeitos gravemente nocivos:

  1. Bloqueará seu entendimento real do conceito. Isto poderá fazer que você não consiga estabelecer uma lógica adequada em questões que não envolvam diretamente o conceito. Decorar sem entender provavelmente o fará errar algumas questões preciosas para seu “score” final.
  2. Será péssimo no seu desenvolvimento profissional. Todo o conteúdo da prova considera as Boa Práticas Mundiais de Gestão de Projetos. Se você vai decorar, não entenderá o conceito, logo nunca entenderá como e quando aplicar na sua vida real. Um desastre absoluto! Se esta for a base da sua preparação e você passar, será o que o pessoal chama de PMP “fake”, ou seja, que no final conseguirá o título mas não demonstrará  entender o que estudou (ou decorou!).

Talvez alguns chamem “Decorar” simplesmente estudar os processos. Neste caso proponho passar a chamar de “estudar” para não influenciar negativamente os demais candidatos que podem entender errado isto.

É claro que a prova para Certificação PMP não é simples. Não pode ser! Assim vamos assumir que ninguém está esperando “gabaritar” no exame, portanto,  vamos considerar que algumas questões são realmente muito difíceis e você deverá errá-las, sendo ou não uma questão “decoreba”. O importante é que este número de erros esteja dentro da tolerância prevista.

Novamente fica uma dica: aproveite o processo de preparação para a certificação PMP para desenvolver-se. Não dá para acreditar que você investirá tanto tempo, energia e dinheiro apenas para um título. Então aproveite para aumentar sua “caixa de ferramentas”  de trabalho. Com certeza isto vai se refletir na qualidade do seu trabalho e portanto na sua carreira profissional.

Quer mais dicas para tirar a certificação PMP? Assista ao nosso webinar gratuito e faça a prova com mais segurança.

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Veja outros mitos sobre certificação PMP

  1. A tradução para o português é horrível, melhor fazer a prova em inglês
  2. O exame é decoreba pura
  3. Trabalho há 10 anos em projetos, será fácil comprovar a experiência
  4. Certificação na mão, aumento garantido

PMP®, PMI® e Guia PMBOK® são marcas registradas do Project Management Institute.

Certificação PMP – Mito #1: a tradução para o português é horrível, melhor fazer a prova em inglês

Última atualização em 13/04/2020

A tradução ruim para o português era um mito muito forte no passado e se enfraqueceu bastante com o tempo, até mesmo pela quantidade de brasileiros com certificação PMP que compartilharam suas experiências no exame.

Mas creia: a tradução para o português é muito boa! Esse é o nosso idioma nativo e certamente será mais produtivo fazer a prova numa língua que nos deixe mais confortáveis, mesmo que tenhamos fluência no inglês. Logicamente, para aqueles que tem o inglês como um idioma tão forte quanto o português, tanto faz.

É importante lembrar que durante o cadastro para a prova você estará escolhendo o português como segundo idioma do exame. A versão em inglês da prova também estará lá para consulta caso encontre um texto estranho em português.

Na prática

Um exemplo disto foi na minha própria prova. A questão em Português citava um documento chamado “Plano Preliminar do Projeto”. Não me recordava o que era isto, embora pela lógica pudesse imaginar o poderia ser (até hoje não encontrei citação disso no Guia PMBOK®).

Fui para a versão em inglês e lá estava “Project Charter” que é oficialmente traduzido como “Termo de Abertura do Projeto” no Guia PMBOK. Imagino que essa situação específica não deva acontecer mais, pois o PMI investiu bastante nas traduções nos últimos anos, bem como no emprego do vocabulário oficial em todos seus materiais.

Ainda vale lembrar que no exame podem ser usados sinônimos para palavras referenciadas no Guia PMBOK, o que não significa uma tradução incorreta. Por exemplo: a palavra “redução” referenciando uma estratégia de “mitigação” de riscos é algo absolutamente normal numa questão.

Embora o vocabulário do Guia PMBOK somente referencie “mitigação”, são sinônimos. Provavelmente a questão original em inglês também trará “reduction” no texto ao invés de “mitigation”.

Mas ainda fica uma dica: se achar um termo estranho, vá para a versão original em inglês pois talvez você esteja mais familiarizado com a versão em inglês do que em português. Mas opte pelo português como segundo idioma durante o cadastramento para o exame.

Quer mais dicas para tirar a certificação PMP? Assista ao nosso webinar gratuito e faça a prova com mais segurança.

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Veja outros mitos sobre certificação PMP

  1. A tradução para o português é horrível, melhor fazer a prova em inglês
  2. O exame é decoreba pura
  3. Trabalho há 10 anos em projetos, será fácil comprovar a experiência
  4. Certificação na mão, aumento garantido

PMP®, PMI® e Guia PMBOK® são marcas registradas do Project Management Institute.

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