Última atualização em 24/11/2023
Certamente você já entrou no elevador algum dia e alguém te perguntou: será que vai chover hoje?
Essa típica pergunta quebra-gelo representa muito bem como a todo momento nós estamos fazendo suposições e, nas organizações, esse cenário não deve ser diferente, porque é a partir delas que conseguimos chegar a comprovações e certezas.
Assim, em meio a extrema competividade de mercado e mudanças constantes, ter alta adaptabilidade é sinônimo de sobrevivência e sucesso organizacional. Nessa relação, o teste de hipóteses tem se demonstrado um grande diferencial.
Se você quer saber mais sobre como o ele auxilia na construção da estratégia, inovação e planejamento organizacional, continue a leitura!
O que é um teste de hipóteses?
Uma hipótese é basicamente uma ideia a respeito de algum tema ou atividade específica. A partir de uma evidência empírica, tira-se uma possível conclusão, que pode ser verdadeira ou falsa. Já o teste de hipótese é a experimentação desse pensamento, que permitirá chegar a algo concreto e que confirme se a suposição estava correta ou não.
No contexto organizacional, eles são importantíssimos na hora da tomada de decisões, pois irão fornecer informações previamente validadas, o que permite um direcionamento mais coerente e não pautado apenas em achismos.
O objetivo, portanto, é fornecer uma maior confiabilidade de resultados e reduzir riscos.
As 6 etapas para fazer o teste de hipóteses
O teste de hipótese não é originalmente uma estratégia organizacional, mas sim acadêmica. Ele foi importado da área científica a partir da necessidade de confirmação de ideias frente a lógica de inovações e planejamento constante. Assim, as etapas da testagem de hipóteses se mantêm similares as do processo de metodologia de pesquisa, apenas com algumas simplificações. Entenda:
1) Observação
Identificação dos aspectos gerais da organização. É uma percepção do contexto atual da empresa, seja ela a respeito de processos, projetos, operações ou pessoas.
2) Ideação
São os questionamentos levantados acerca do fato identificado – Como? Por quê? Quem?
3) Formulação da hipótese
É a afirmação que responderá à pergunta da etapa anterior.
4) Testagem
A partir da premissa hipotética, uma amostra (grupo de pessoas ou produtos) é selecionada e submetida à testagem. Essa é a parte prática de experimentação.
5) Análise
É o momento de colher os dados do teste e analisar se a hipótese estava correta ou incorreta.
6) Conclusão
Com a hipótese confirmada ou refutada tem-se o direcionamento da ação. Assim, poderemos concluir se o investimento pensado na etapa 2 é viável e benéfico para a empresa.
A partir da conclusão, também é possível aprimorar hipóteses, para que estas sejam submetidas a um novo teste posteriormente e novas conclusões sejam obtidas.
Leia também: Planejamento Estratégico: como gerenciar a estratégia da sua organização
Teste de hipóteses e o planejamento estratégico
Criar um planejamento estratégico é uma prática bastante consolidada entre as empresas, pois detalham todo o sistema e permitem a construção de caminhos alinhados às visões da organização.
Contudo, é comum que este planejamento seja algo a longo prazo, que enfrentará muitas variáveis ao longo da implementação. Nesse tempo, o cenário pode mudar, e ter capacidade de adaptação pode definir o sucesso do seu negócio.
O teste de hipóteses está intimamente relacionado a este planejamento estratégico, pois permite a aquisição de conhecimento, a partir do qual poderemos ter um melhor direcionamento de atuação e a delimitação da estratégia mais coerente para cada contexto.
Nessa relação, o desenvolvimento de testes pode ocorrer de três maneiras: antes, durante e após a delimitação do Planejamento Estratégico.
Antes do planejamento estratégico
O planejamento estratégico é algo bastante robusto, que necessita de dados bem consolidados para estruturar os projetos e processos colocados em prática. Assim, a testagem surge como grande aliada, uma vez que esta permite a averiguação de dados e informações, delimitando os melhores caminhos a serem seguidos.
Um planejamento pautado em testes é mais confiável, pois ele já foi comprovado em uma amostra, o que o conduz à maiores chances de sucesso.
Durante o planejamento estratégico
Ao longo do desenvolvimento do planejamento, novos direcionamentos podem ser percebidos, os quais, possivelmente, trarão algum retorno positivo à organização. Mas, esse novo caminho pode ser incerto, não havendo muita noção da sua real aplicabilidade.
Assim, o grupo estratégico pode fazer uma testagem de mercado para ter informações mais concretas e averiguar os prós e contras de redirecionar do planejamento.
Posterior ao planejamento estratégico
Após a execução do plano estratégico, novas hipóteses podem ser inferidas. O comitê estratégico pode querer dar continuidade aos projetos executados, implementando algumas mudanças adicionais.
A partir disso, testes podem ser realizados para verificar as necessidades dos consumidores e constatar a viabilidade desta continuidade, prevendo recursos e retornos da execução.
Veja um exemplo:
Retomando a hipótese da chuva, essa é uma percepção comprovada na sua mente: mesmo em um dia ensolarado, pode ser que chova.
Se isso acontecerá no dia de hoje, você não sabe. Mas, como a situação já foi previamente experienciada, você sabe a solução para ela.
Além disso, por meio da sua vivência, você consegue prever as consequências da situação também. Então, você não vai andar com o guarda-chuva na bolsa para não se molhar, mas para prevenir uma possível gripe causada em decorrência da chuva.
Nas organizações o mesmo pode ocorrer. Existem inúmeras situações que podem acontecer quando o assunto é a reação do mercado e, se elas ocorrem, uma resposta fica mais fácil quando já testadas e experienciadas previamente.
Descobrir se algo dará certo no momento da implementação pode ser muito custoso para a organização. Assim, o pensamento é fazer amostragens contínuas, para que quando mudanças forem necessárias, haja o menor impacto negativo possível e, preferencialmente, ainda traga um retorno positivo.
Leia também: MVP e ciclo de inovação
Por que ter uma cultura de testagem?
A expressão “exigências do mercado” sem dúvida é um grande ponto de atenção aqui!
Até meados da década de 70, a mentalidade de estabilidade era predominante nas organizações. Mudar, repensar e reestruturar eram palavras que causavam pânico nos empreendedores, pois eram sinônimo de incerteza, e o que é incerto abre margem para o fracasso.
Mas, pensando na realidade contemporânea, é justamente a mudança que permite o crescimento organizacional. Por isso, a cultura atual representa aquela que compreende a inovação como primordial para o desenvolvimento e está em constante busca de estratégias que se adequem a estas mudanças.
“Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança.” – Stephen Hawking
Essa frase representa muito bem essa nova lógica industrial. Nós sabemos que todo dia alguma coisa vai mudar, mas não sabemos o que. Então, temos que ter a expertise de delimitar caminhos moldáveis, que possam ser adaptados a diferentes cenários e contextos.
Sempre que desejamos implementar algo novo dentro das organizações, precisamos de uma mínima garantia de que aquilo vai dar certo, por isso o teste de hipóteses é um grande aliado nessa jornada.
Muitas empresas já implementam esses testes na rotina dos processos, mas não têm a percepção dela enquanto projeto empresarial. Ao trazer isso como algo consolidado e um hábito, algo que a sua organização tem, a visão analítica muda e a fase de testes pode ser otimizada, trazendo ainda mais benefícios organizacionais.
Agora que você já sabe o que é o teste de hipótese e as contribuições dele para os negócios, confira como estruturar as hipóteses no planejamento estratégico!
Sócio consultor da EUAX, bacharel em Ciências da Computação, mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC. Possui mais de 16 anos de experiência em projetos de inovação e atua como professor de graduação e pós-graduação da área de inovação.